Atividade de interpretação do 3° ano 9/5 à 20/5
AMOR DE PERDIÇÃO
(fragmento)
Amor de perdição é uma das mais conhecidas obras do
Romantismo português.
Movidos por
rixas, os familiares de Simão e Teresa conseguem impedir a união dos jovens.
Por ordem do pai, Teresa fica
enclausurada num convento.
Simão, acusado de um
crime, refugia-se na
casa de João
da Cruz e
desperta a paixão imediata de Mariana, filha de João. Mais tarde Simão é
preso e, após longo processo, condenado ao
degredo na Índia.
Durante o processo,
Simão e Teresa
se comunicam apenas por
cartas, entregues por
uma mendiga. O
trecho que vamos
ler foi extraído
do final da
novela. Sem a
menor esperança de
rever Simão, Teresa
envia-lhe uma carta
de despedida, que
o infeliz jovem
vai ler no
navio que o leva
para a Índia.
Nessa viagem, acompanha-o
Mariana.
A vida era bela, era, Simão, se a tivéssemos como
tu ma pintavas nas tuas cartas, que li há pouco! Estou vendo a
casinha que tu
descrevias defronte de
Coimbra, cercada de árvores,
flores e aves.
A tua imaginação passeava comigo
às margens do Mondego, à hora pensativa do escurecer. Estrelava-se o céu, e a
lua abrilhantava a água. Eu respondia com a mudez do coração ao teu silêncio,
e, animada por teu sorriso, inclinava a face ao teu seio, como se fosse ao de
minha mãe. Tudo isto li nas tuas cartas; e parece que cessa o despedaçar da
agonia enquanto a alma se está recordando. Noutra carta, me falavas em triunfos
e glórias e imortalidade do teu nome. Também eu ia após da
tua aspiração, ou
diante dela, porque
o maior quinhão
dos teus prazeres
de espírito queria
eu que fosse meu.
Oh!
Simão, de que
céu tão lindo
caímos! À hora
que te escrevo,
estás tu para
entrar na nau
dos degredados, e eu na sepultura.
Que importa morrer, se não podemos jamais ter nesta
vida a nossa esperança de há três anos?! Poderias tu com a desesperança e com a
vida, Simão? Eu não podia. Os instantes do dormir eram os escassos benefícios
que Deus me concedia;
a morte é
mais que uma
necessidade, é uma
misericórdia divina, uma
bem-aventurança para mim.
Rompe a manhã. Vou ver minha última aurora... a
última dos meus dezoito anos!
Abençoado sejas, Simão! Deus te proteja, e te livre
de uma agonia longa. Todas as minhas angústias lhe ofereço em desconto das tuas
culpas. Se algumas impaciências a justiça divina me condena, oferece tu a Deus,
meu amigo, os teus padecimentos, para que eu seja perdoada.
Adeus! À luz da eternidade parece-me que já te vejo,
Simão.
1 1) Teresa recorda-se de
dois assuntos tratados por Simão em cartas anteriores. Quais assuntos?
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2) Teresa
almejava montar um
lar com Simão.
A descrição desse
lar obedece a
convenções bem típicas
do
Romantismo.
Explique.
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3) “(...) me falavas em
triunfos e glórias e imortalidade do teu nome.” As aspirações de Simão revelam
um comportamento romântico baseado principalmente:
a) na religiosidade;
b) no individualismo exacerbado;
c) no mal do século;
d) na melancolia.
4) Por que Teresa encara a morte como uma
“bem-aventurança”?
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5)
“(...) a porta abriu-se, e um vulto negro de monja
apareceu no limiar dela.” (Alexandre Herculano) A presença de figuras do mundo
medieval na literatura romântica portuguesa relaciona-se:
a) ao
mal do século;
b) à
evasão no passado histórico em busca das raízes da nacionalidade.
c) à
necessidade de incorporar à literatura figuras excêntricas.
d) à
religiosidade que marcou todo o Romantismo.
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