quinta-feira, 12 de maio de 2016

Atividade de interpretação - Romance - do 3° Ano 9/5 à 20/5

Atividade de interpretação do 3° ano 9/5 à 20/5

AMOR DE PERDIÇÃO (fragmento)

Amor de perdição é uma das mais conhecidas obras do Romantismo português.
Movidos por rixas, os familiares de Simão e Teresa conseguem impedir a união dos jovens. Por ordem do  pai, Teresa  fica  enclausurada  num  convento.  Simão, acusado  de  um  crime,  refugia-se  na  casa  de  João  da  Cruz  e  desperta a paixão imediata de Mariana, filha de João. Mais tarde Simão é preso e, após longo processo, condenado ao  degredo  na  Índia.  Durante  o  processo,  Simão  e  Teresa  se  comunicam apenas  por  cartas,  entregues  por  uma  mendiga.  O  trecho  que  vamos  ler  foi  extraído  do  final  da  novela.  Sem  a  menor  esperança  de  rever  Simão,  Teresa  envia-lhe  uma  carta  de  despedida,  que  o  infeliz  jovem  vai  ler  no  navio  que o  leva  para  a  Índia.  Nessa  viagem, acompanha-o Mariana.
A vida era bela, era, Simão, se a tivéssemos como tu ma pintavas nas tuas cartas, que li há pouco! Estou vendo  a  casinha  que  tu  descrevias  defronte  de  Coimbra,  cercada  de  árvores,  flores  e  aves.  A tua  imaginação passeava comigo às margens do Mondego, à hora pensativa do escurecer. Estrelava-se o céu, e a lua abrilhantava a água. Eu respondia com a mudez do coração ao teu silêncio, e, animada por teu sorriso, inclinava a face ao teu seio, como se fosse ao de minha mãe. Tudo isto li nas tuas cartas; e parece que cessa o despedaçar da agonia enquanto a alma se está recordando. Noutra carta, me falavas em triunfos e glórias e imortalidade do teu nome. Também eu ia após  da  tua  aspiração,  ou  diante  dela,  porque  o  maior  quinhão  dos  teus  prazeres  de  espírito  queria  eu  que  fosse meu.
Oh!  Simão,  de  que  céu  tão  lindo  caímos!  À  hora  que  te  escrevo,  estás  tu  para  entrar  na  nau  dos degredados, e eu na sepultura.
Que importa morrer, se não podemos jamais ter nesta vida a nossa esperança de há três anos?! Poderias tu com a desesperança e com a vida, Simão? Eu não podia. Os instantes do dormir eram os escassos benefícios que Deus  me  concedia;  a  morte  é  mais  que  uma  necessidade,  é  uma  misericórdia  divina,  uma  bem-aventurança  para mim.
Rompe a manhã. Vou ver minha última aurora... a última dos meus dezoito anos!
Abençoado sejas, Simão! Deus te proteja, e te livre de uma agonia longa. Todas as minhas angústias lhe ofereço em desconto das tuas culpas. Se algumas impaciências a justiça divina me condena, oferece tu a Deus, meu amigo, os teus padecimentos, para que eu seja perdoada.
Adeus! À luz da eternidade parece-me que já te vejo, Simão.


1  1)   Teresa recorda-se de dois assuntos tratados por Simão em cartas anteriores. Quais assuntos?
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2) Teresa  almejava  montar  um  lar  com  Simão.  A  descrição  desse  lar  obedece  a  convenções  bem  típicas  do
Romantismo. Explique.
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     3)   “(...) me falavas em triunfos e glórias e imortalidade do teu nome.” As aspirações de Simão revelam um comportamento romântico baseado principalmente:

a) na religiosidade;
b) no individualismo exacerbado;
c) no mal do século;
d) na melancolia.

    4)  Por que Teresa encara a morte como uma “bem-aventurança”?
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   5)   “(...) a porta abriu-se, e um vulto negro de monja apareceu no limiar dela.” (Alexandre Herculano) A presença de figuras do mundo medieval na literatura romântica portuguesa relaciona-se:

a) ao mal do século;
b) à evasão no passado histórico em busca das raízes da nacionalidade.
c) à necessidade de incorporar à literatura figuras excêntricas.
d) à religiosidade que marcou todo o Romantismo.


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